quinta-feira, 31 de julho de 2008

Terra: O Planeta Anão

"- Que mundo pequeno!"

É comum ouvirmos essa frase ao reencontrarmos algum amigo sumido, um parente distante ou mesmo ao coincidentemente avistarmos alguém do qual estávamos falando. Também podemos ouvir uma variante dela em clássicos western durante o clássico duelo ao meio-dia, em que mocinho e vilão (com direito a bigode à la Danny Trejo) medem forças após declararem que o mundo é pequeno demais para que os dois vivam. E não é que eles estavam certos?

Não é de hoje que falamos de encurtamento de distâncias. Os mongóis não cavalgavam à toa, era bem mais rápido do que andar. Foi visando mais velocidade que a Escola de Sagres (sei lá se foram eles) desenvolveu caravelas, mais ágeis que os pomposos galeões. Até mesmo antes disso, os vikings com seus drakkars que cruzavam o mar do norte a velocidades estonteantes para a época. Na era industrial então nem se fala. Primeiro foram os barcos-a-vapor, depois transatlânticos e outros navios intercontinentais poderosos, e depois até um negócio que voa chamado avião. A parada ficou tão neurótica que invetaram até de sair da Terra!

Hoje temos a Internet. Embora não estejamos fisicamente na China, podemos conversar com nosso amigo Yuan-Ping enquanto jogamos uma boa partida de RPG online. Ou seja, atualmente não importa se eu vou para algum lugar, apenas que eu poderia estar lá se quisesse. Com essa tal de Internet que Pierre Cheng pôde prever com maestria em julho de 1978, a distância foi finalmente vencida - virtualmente, claro -, e de modo até mesmo alarmante.

Estava hoje dando um passeio pelo Google Earth, olhando o Estreito de Gibraltar e a Ilha de La Gomera, quando tive a vontade de encontrar o porto da série de não-ficção "Pesca Mortal", do Discovery Channel. Esse porto é o Dutch Harbor, situado no Alaska, EUA. Encontrá-lo não seria difícil com o Google Earth, afinal basta colocar um endereço na caixa de pesquisa e ele encontra para você. Mas o mesmo não poderia se dizer de encontrar manualmente. E foi o que eu fiz.

Decidi encontrar Dutch Harbor manualmente, apenas pelo mapa mental que tinha feito da área a partir das imagens de satélite do programa. Fiquei espantado em ter achado o lugar em menos de 1 minuto de procura! Eu, que sempre fui meio descoordenado em quesito de direção. Já cansei de tomar susto achando que tinha pego o ônibus errado... Mas o fato é que encontrei, e bem rápido. E isso me fez refletir. Mas curiosamente, não foi a grande escala Brasil-China que me fez ponderar sobre a dimensão diminuta do planeta, e sim a proximidade.

Se eu moro em Cabo Frio, e posso chegar ao Rio de Janeiro em apenas 2 horas, eu poderia chegar em minutos insignificantes de avião! Essa viagem levaria pelo menos 1 dia a cavalo. Ou alguns dias a pé, talvez até semanas se fosse em marcha lenta. Isso significa que, afinal, eu estou a não mais de 2 horas e poucos minutos da minha antiga casa no Rio, e das pessoas que conheço lá. Por 4 horas ao dia eu poderia muito bem trabalhar lá e voltar para casa, a 150 quilômetros dali! 150 quilômetros, 150.000 metros, 15.000.000 de centímetros, ou 750.000 réguas escolares enfileiradas! Nossa, esse mundo está pequeno mesmo!

E durante o tempo que levei para escrever isso eu já poderia estar em Araruama.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ahahahaha! Adoreeeei o texto, muito bom. E o desfecho foi excelente XD